Noticias

AYRSON HERÁCLITO: YORÙBÁIANO

[VERSÃO EM PORTUGUÊS ABAIXO]

La Pinacoteca de São Paulo presenta Yorùbáiano, una exposición del artista Ayrson Heráclito (Macaúbas, Bahía, Brasil, 1968), curada por Amanda Bonan, Ana Maria Maia y Marcelo Campos. Doctor en Comunicación y Semiótica por la Universidad Católica de São Paulo, Ayrson Heráclito además de artista de reconocida trayectoria, curador y docente es sacerdote candomblé y un defensor de la cultura afrobrasileña.

La muestra, que inauguró el pasado 2 de abril con el performance del artista titulado Segredos Internos [Secretos Internos] (1994-2010), reúne 63 obras, entre instalaciones, fotografías, videos, performances y registros, que abordan las heridas dejadas por la historia colonial. El artista se centra en la fuerza de las mitologías africanas que han moldeado a Brasil a partir de la diáspora, el secuestro y la esclavitud de varios pueblos africanos, especialmente a partir del siglo XIX.

En esta selección de obras, Ayrson Heráclito articula culturas diversas, abarcando los mitos yorubanos o nagôs y jejes, para crear una amalgama cultural única de saberes ancestrales, enseñanzas, leyendas, ritos y cosmovisiones que forman parte de las matrices religiosas y culturales del Candomblé. El artista bahiano narra las leyendas “ìtàns” y “orikis”, relatos tradicionales que aún están presentes en las calles, procesiones, novelas y tramas de las escuelas de samba brasileñas, entrando en contacto con un mundo sin pecado, donde la naturaleza de los seres y los animales se complementan.

Vista de la exposición Yorùbáiano, de Ayrson Heráclito, en Pina Estação, 2022. Foto: Levi Fanan/Pinacoteca de São Paulo

Dividida en tres salas, la curaduría de Yorùbàiano articula tres materiales orgánicos que, según el artista, componen histórica y simbólicamente el “cuerpo cultural diaspórico”. El azúcar recuerda la codicia del monocultivo esclavista de la caña de azúcar, al mismo tiempo que evoca a la deidad u orixá Exú, a quien se le ofrece ritualmente la cachaza. Ayrson también se vale de la polisemia del aceite de palma, que ahora simboliza los fluidos vitales del cuerpo humano: sangre, semen y saliva.

En Regresso à Pintura Baiana (2002), el artista tiñe con aceite de palma una maqueta de la Iglesia de Rosário dos Pretos y la pared que está detrás. La videoinstalación O pintor e a paisagem [El pintor y el paisaje] (2011), la instalación Barrueco (2003), así como la serie fotográfica Sangre vegetal (2005), entre otras instalaciones y fotografías, completan la sala.

La carne curada en sal -o charqui- alude a la violencia sufrida por los pueblos negros esclavizados, al tiempo que remite al orixá Ogum, a quien se le ofrece sal en los rituales del Candomblé. En este espacio se exhiben también la instalación Segredos Internos (1994-2010) y documentación del performance Transmutação da carne [Transmutación de la carne] (2000), junto al registro del performance ritualista Sacudimento (2022), realizado por el artista en los alrededores del edificio de la Pinacoteca Estação, donde funcionaba el DOPS (Departamento de Orden Político y Social), organismo responsable de la detención de disidentes políticos por parte del régimen cívico-militar en las décadas de 1960 y 1970.

La tercera y última sala expositiva presenta la gran instalación fotográfica Borí (2008-2011), doce fotografías de gran formato del rito “ofrenda a la cabeza”, o “borí”, en representación de cada uno de los 12 orixás de xirê. El 11 de agosto, el espacio Octógono del edificio Pinacoteca Luz acogerá el ritual sagrado, con una duración de unas dos horas, conducido por el artista y con la participación de músicos y 12 iniciados de la religión africana.

AYRSON HERÁCLITO: YORÙBÁIANO

A Pinacoteca de São Paulo apresenta a exposição individual Yorùbáiano, do artista Ayrson Heráclito. Com curadoria de Amanda Bonan, Ana Maria Maia e Marcelo Campos, a exposição do artista baiano reúne 63 obras, entre com instalações, fotografias, vídeos, performances e registros, abordando as feridas deixadas pela história colonial.

Ayrson Heráclito traz à Pina Estação a força de mitologias africanas que aportaram no Brasil a partir da diáspora, do sequestro e da escravidão de diversos povos africanos, sobretudo a partir do século XIX. Na seleção de obras, o artista baiano articula culturas diversas, abarcando os mitos yorubanos ou nagôs e jejes, a um amálgama cultural único de saberes ancestrais, ensinamentos, lendas, ritos e visões de mundo distintos que fazem parte das matrizes religiosas e culturais do candomblé.

Por intermédio dos trabalhos, o público pode conhecer as lendas “ìtàns” e “orikis”, narrativas tradicionais que seguem presentes nas ruas, procissões, romances e enredos de escolas de samba brasileiras, tomando contato com um mundo sem pecado onde a natureza dos seres e dos bichos se complementa.

Dividida em três salas, a curadoria de Yorùbàiano articula três materiais orgânicos que, segundo o artista, compõem histórica e simbolicamente o “corpo cultural diaspórico”. O açúcar rememora a ganância da monocultura canavieira escravocrata, evocando ao mesmo tempo a divindade ou orixá Exú, a quem é ritualmente oferecida a cachaça. Ayrson também se vale da polissemia do azeite de dendê, ora simbolizando os fluidos vitais do corpo humano, quais sejam, o sangue, o sêmen e a saliva.

Em uma das salas, a instalação Regresso à pintura baiana (2002) envolve o tingimento de uma maquete da Igreja do Rosário dos Pretos, bem como uma parede da Estação com o dendê, saindo do campo da representação da pintura matérica, característica dos anos 1980, para a instalação, valendo-se do precioso óleo e sua coloração amarelo-terrosa. A videoinstalação O pintor e a paisagem (2011), a instalação Barrueco (2003), além da série fotográfica Sangue vegetal (2005), entre outras instalações e fotografias completam a sala.

A carne curtida no sal ou charque, por sua vez, alude às violências sofridas pelo povo negro escravizado ao mesmo tempo que remete ao orixá Ogum, a quem é oferecido o sal nos rituais do Candomblé. Nesse espaço são exibidas a instalação Segredos Internos (1994-2010), documentação da performance Transmutação da carne (2000), além do registro da performance ritualística Sacudimento (2022), realizada pelo artista ao redor do edifício da Pinacoteca Estação, onde funcionou o DOPS (Departamento de Ordem Política e Social), órgão responsável pela detenção de dissidentes políticos pelo regime civil-militar nos anos 1960 e 70.

A terceira sala expositiva encerra a visita com a grande instalação fotográfica Borí (2008-2011), cuja performance foi adquirida pelo Programa de Patronos da Arte para o acervo da Pinacoteca, com doze grandes fotografias do ritual de fazer a cabeça ou “borí”, representando cada um dos 12 orixás do xirê. No dia 11 de agosto, o espaço Octógono, no edifício da Pinacoteca Luz, será palco do ritual sagrado, com duração de cerca de duas horas, conduzido pelo artista, com a presença de músicos e 12 iniciados da religião africana.