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LYNDA BENGLIS: FROZEN GESTURES

[VERSÃO EM PORTUGUÊS ABAIXO]

Mendes Wood DM, en São Paulo, presenta la primera individual en Sudamérica de la influyente artista estadounidense Lynda Benglis (Luisiana, Estados Unidos, 1941), quien ha desempeñado un rol indiscutible dentro del arte contemporáneo a través del uso innovador de materiales en la escultura y el desafío a las ortodoxias estéticas, en particular el minimalismo, mediante un tratamiento singular del espacio, la forma y la superficie.

El título de la muestra proviene de un término acuñado en 1974 por el historiador y crítico de arte Robert Pincus-Witten para caracterizar la producción de Benglis. Como artista joven que se desenvolvía durante el auge del minimalismo, el posminimalismo y el arte procesual, Benglis reconoció la expresión «gesto congelado» de Pincus-Witten como una descripción sucinta y potente de su trabajo, la cual acogió a lo largo de los años.

Sin embargo, en 1974 gran parte del significado de «gesto congelado» derivaba del contexto artístico de la época, esto es, como una invocación al expresionismo abstracto, en oposición al minimalismo, y como reflejo de la teatralidad característica de la producción de Benglis. Con una carrera que ahora abarca más de cinco décadas, Benglis ha trascendido aquel contexto a través de la continua exploración de nuevas formas, materiales e ideas. Si bien el “gesto congelado” sigue siendo un componente fundamental de su obra, en sus esculturas más recientes este puede a ratos ‘descongelarse’, multiplicarse o incluso complejizarse.

Lynda Benglis: Frozen Gestures. Vista de la exposición en Mendes Wood DM, São Paulo, Brasil, 2022. Foto cortesía de la galería
Lynda Benglis: Frozen Gestures. Vista de la exposición en Mendes Wood DM, São Paulo, Brasil, 2022. Foto cortesía de la galería

La muestra reúne obras de diferentes periodos realizadas en los últimos 13 años, distribuidas de acuerdo con un recorrido determinado dentro de la galería, como un laberinto que revela los misterios de la vida y la muerte, incluida una serie de tres figuras negras realizadas en poliuretano, expuestas en la entrada. Estas estructuras totémicas, tituladas Black Ice, son una especie de espíritu misterioso que evocan, en su forma abstracta, esculturas importantes de la historia del arte, como Las Tres Gracias. Su textura evoca montículos de crustáceos, corales y circunvoluciones del cerebro humano.

El carácter poderoso, casi divino, de la obra de Benglis es evidente en esta obra que rinde homenaje a la fuente de la vida, nos conecta a la idea de lo divino y, al mismo tiempo, celebra a las tres diosas que representan abundancia, júbilo y belleza. La apariencia frágil y petrificada de las esculturas juega con la capacidad humana de imitar la naturaleza, transformándose en un juego de mimetismo que busca dicha esencia para crear una imagen completamente nueva. 

Estas primeras obras se conectan con otras más recientes de la artista elaboradas con papel y malla metálica, en diferentes colores y cubiertas con brillantina, que demuestran su capacidad para crear diferentes tipos de esculturas. Benglis dota a sus obras de una sensualidad matérica que las hace sentirse vivas. Sus piezas imitan aspectos orgánicos o de la naturaleza, como la piel iridiscente de una serpiente o el interior del cuerpo humano, mediante la recreación de huesos y carne, que se balancean en el aire entre la fuerza y la liviandad.

Su trabajo también evoca humedales, selvas fangosas, una síntesis melancólica de la tierra, como en su obra The Fall Caught, una pieza a gran escala de aluminio que emerge de la pared como un árbol salpicado en barro o magma derretido, a modo de reivindicar la tierra.

En una entrevista con la revista Life en 1970, Benglis dice: “Me di cuenta de que la idea de direccionar la materia de una manera lógica era absurda. La materia solo puede asumir su propia forma”. Este reconocimiento precoz del poder de los materiales guiaría su producción durante décadas. La artista recibe la incertidumbre con los brazos abiertos, colaborando con sus materiales en lugar de controlarlos. En el proceso de cada interacción con un nuevo material, hay una receptividad que viene con la madurez, una capacidad de permitir la integración de visiones, texturas y colores de la vida, de su experiencia y del paisaje como parte de ese intercambio.

Traducido de la versión en inglés por Moira Cornejo Escobar

Lynda Benglis: Frozen Gestures. Vista de la exposición en Mendes Wood DM, São Paulo, Brasil, 2022. Foto cortesía de la galería

LYNDA BENGLIS: FROZEN GESTURES

A Mendes Wood DM apresenta a primeira exposição individual da influente artista estadunidense Lynda Benglis na galeria de São Paulo. Benglis tem assumido um papel fundamental na arte contemporânea por meio do uso inovador de materiais e de uma contínua recusa de ortodoxias estéticas.

A exposição de Benglis em São Paulo reúne esculturas feitas em diversos suportes que foram produzidas nos últimos 13 anos de sua carreira. Vindas de vários conjuntos de trabalho, cada grupo de esculturas reflete o interesse de Benglis em inovação material e o seu envolvimento com movimento, luz, espaço, forma e superfície.

Em 1974, em seu importante artigo sobre a artista publicado na revista Artforum, o historiador e crítico de arte Robert Pincus-Witten cunhou o termo “gesto congelado” para caracterizar a produção de Benglis. Por ser uma jovem artista que estava trabalhando no período de ascensão do Minimalismo, do Pós-Minimalismo e da Arte Processual, Benglis reconheceu a expressão de Pincus-Witten como uma sucinta e potente descrição do seu trabalho, algo que ela repetiria várias vezes ao longo dos anos. No entanto, em 1974, muito do significado de “gesto congelado” derivou do contexto artístico da época, invocando o Expressionismo Abstrato, opondo-se ao Minimalismo e assumindo a teatralidade que Benglis abraçava. Com uma carreira que hoje abarca mais de cinco décadas, Benglis transcendeu esse contexto original por meio de uma contínua exploração de novas formas, materiais e ideias. Embora o gesto continue sendo um componente fundamental do seu trabalho, em suas esculturas mais recentes, “o gesto congelado” pode, às vezes, ser descongelado, multiplicado ou até complicado.

A presente exposição na Mendes Wood DM inclui Black Ice [Gelo Preto], um trio de estruturas totêmicas feitas a partir de recipientes cônicos empilhados. Chama atenção a escala de cada forma. Ao parecerem se inclinar e hesitar em um multiarticulado contraposto, as obras flutuam em vez de se imporem por cima do espectador, sugerindo uma estranha, sombria, sedutora versão de Três Graças, da Grécia Antiga. Suas superfícies rugosas borbulham, espiralam e se entrecruzam em movimento constante. Evocações terrenas de montes de crustáceos (parecidos com cupinzeiros) fazem alusão à infância de Benglis em Lake Charles, no estado de Louisiana, nos EUA, e são combinadas com dobras do cérebro humano e corais que Benglis encontrava quando mergulhava. Black Ice se recusa a ficar parado em termos de forma ou superfície.  

A translucidez variada do poliuretano preto de Black Ice revela um tema recorrente na escultura de Benglis: brincar com a diferença entre superfície e forma. Com trabalhos fundidos em poliuretano, como Black Ice, é impossível separar a “pele” da escultura da carne do “corpo” que fica por baixo. No lugar dessa distinção, conforme a luz atravessa a escultura, o espectador testemunha as mudanças constantes entre a materialidade e a sua dissolução.  

“Pele” é a palavra que Benglis usa com frequência para descrever as esculturas de papel que começou a fazer em 2011 e 2012. Ohkay Owingeh, uma das primeiras “peças de papel” de Benglis, foi feita esticando a pele do papel artesanal molhado por cima de uma tela de arame, que foi removida após a secagem do papel. Depois que completou a sua primeira série de peças de papel em 2012, Benglis começou a deixar intacta a estrutura de arame. Em esculturas como Fern Cone [Cone de Samambaia], Benglis aplicou o papel feito à mão em partes da escultura, deixando exposto seu esqueleto de arame. Diferentemente dos nós que Benglis produziu na década de 1970, as peças de papel posteriores são formas abertas, que criam espaço à medida que revelam os seus interiores.  

Em sua leveza e dinamismo, muitas dessas peças de papel parecem estar flutuando ou voando. O formato de Ohkay Owingeh, por exemplo, parece estar prestes a sair voando, embora esteja pendurado no mesmo lugar. Outras peças de papel têm formatos que sugerem movimentos orgânicos mais sutis. Os tubos conectados de Angel’s Flight [O Voo do Anjo] relembram não só asas, mas também o silencioso movimento de dois casulos, formas vivas em constante moção e transformação regenerativas.  
 
Benglis muitas vezes invoca a natureza no formato e nos títulos das suas peças de papel e os injeta com um quê de glamour. Seja “brilhando” com purpurina ou cobertos em papel brilhante feito à mão (“moldes brilhantes”, como a artista gosta de os chamar), o contraste entre os tons ósseos desse papel e as matizes metálicas e reflexivas do brilho apontam para o interesse de Benglis em tensionar o orgânico e o artificial. Silver Pair [Par de Prata] traz duas estruturas em formato de caule com um tipo de babado, como se elas fossem sair para dançar. Há anos que as combinações entre elementos naturais e de origem humana são centrais na produção de Benglis. As primeiras pinturas de látex da artista, por exemplo, eram feitas com borracha natural misturada com um pigmento fosforescente de uma aparência artificial gritante. Elas lembram tanto os fluxos naturais de corpos d’água quanto o brilho furta-cor das manchas de óleo que os poluem.  

Se as peças de papel parecem suspensas no ar, as cerâmicas de Benglis estão vinculadas à terra num envolvimento intrínseco com o corpo — o corpo da própria artista. Afastando-se de métodos tradicionais de lidar com a argila, que enfatizam silhuetas perfeitas e superfícies imaculadas, Benglis trabalha com tubos de argila ou placas planas. Seu objetivo não é alcançar uma superfície perfeitamente refinada, mas participar de uma troca visceral com o material. “Quando eu trabalho com cerâmica, muitas vezes sinto a necessidade de lutar com o material e de me integrar à forma e à superfície. Eu só posso dizer que o pensamento por trás disso é muito rápido. É como uma dança. Eu sinto a argila, eu sou a argila, de certa forma. Eu sinto isso em todo o meu trabalho, que eu sou o material e aquilo que vou fazer está abraçando o material e permitindo que ele assuma a forma.” [1]

Nas formas curvadas, dobradas e rasgadas de trabalhos como Choctaw e Apalachee, os resultados dessa luta gestual são alcançados por meio da aplicação de vários tipos de vernizes coloridos — alguns são foscos, outros têm brilho. Os vernizes de Benglis estão muito distantes das superfícies imaculadas de seus pares. Eles são, por sua vez, rápidos, agressivos, respostas instintivas à cerâmica, apresentando coágulos ríspidos e pontas dentadas que brincam com e contra as abruptas contorções dos planos de argila. As pinturas finais são tão pictóricas quanto espaciais, uma acumulação de “gestos congelados” que combinam a abstração com formas que desafiam qualquer tipo de entendimento perceptual superficial.  
 
Em entrevista para a revista Life em 1970, Benglis disse: “Eu percebi que a ideia de direcionar a matéria de uma maneira lógica era absurda. A matéria só pode assumir a sua própria forma”.[2] Esse reconhecimento precoce do poder dos materiais iria guiar a produção de Benglis por muitas outras décadas. A artista recebe incertezas de braços abertos, pois ela colabora com os seus materiais, em vez de controlá-los. No processo de cada interação com um material novo, há uma receptividade que chega com a maturidade, uma capacidade de permitir a integração de visões, texturas e cores da sua vida, da sua experiência e da paisagem, como parte dessa troca.  

Lynda Benglis: Frozen Gestures. Vista de la exposición en Mendes Wood DM, São Paulo, Brasil, 2022. Foto cortesía de la galería

[1] Zwick, Tracy. “Dancing with Clay: An Interview with Lynda Benglis.” Art in America (21 January 2014).
[2] Bourdon, David. “Fling, Dribble, and Dip.” Life, 27 February 1970, p. 62. 


LYNDA BENGLIS: FROZEN GESTURES

Mendes Wood DM, R. Barra Funda, 216 – Barra Funda, São Paulo

Del 9 de abril al 29 de mayo del 2022

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