YULI YAMAGATA: BRUXA

[VERSÃO EM PORTUGUÊS ABAIXO]

Bruxa (Bruja), la exposición de la artista brasileña Yuli Yamagata (1989) en la galería Madragoa (Lisboa), reúne un nuevo grupo de obras que da forma a un universo muy personal mediante la incorporación de su juguetona imaginería visual. El big bang de este universo, palpitante de colores y formas que estallan en pinturas, piezas murales y suaves esculturas textiles, se activa con las caprichosas imágenes del Día de Brujas (o la efeméride del Halloween), en referencia al día en que el inframundo se hace realidad, con su negra, macabra y aterradora sombra.

La galería parece transformarse en una casa encantada: como bajo un hechizo, los objetos cobran vida en su aparente oposición a las leyes de la física, como en la mazorca de maíz que se empapa en una sopita de hueso humeante. Un gato negro se arquea y uno blanco maúlla en medio de esta celebración; un zombi pierde las cuencas de los ojos; garras emergen de una hamburguesa con queso cheddar; serpientes encantadas se enroscan y devienen oráculos… Son fetiches, materializaciones de un imaginario supersticioso y, al mismo tiempo, de su antídoto, configurado en el estilo caricaturesco y los colores fuertes que los componen.

Halloween es también el día del cumpleaños de la artista, una coincidencia que la lleva a reflexionar e interpretar esta celebración con toda su carga consumista, revelada en los bombardeos de marketing por Internet o en las narrativas de cómics y películas B. Las obras de Yamagata son de una teatralidad elevada donde el pastiche y la irreverencia son recursos para abordar cuestiones de gusto, consumo, imagen y representación. La artista mezcla elementos provenientes de fuentes dispares, desde los mangas japoneses hasta los tejidos de Lycra.

Grotescas, rebeldes y engañosas, las criaturas de Yuli Yamagata despiertan tanto incomodidad como deseo. Las formas simples, abiertas y flexibles que componen su vocabulario plástico básico (largos cilindros, el círculo, la gota) se moldean para dar forma a partes del cuerpo humano o animal -pierna, cola, dedo, ojo, uña, pene, sangre. En este caso, las formas se refieren a los diferentes matices que componen la versión carnavalesca y comercial de la película All Hallows’Eve -violenta, lúdica, sexual, descarada, oscura-, así como al placer por la comida y otros elementos que evocan el proceso digestivo y escatológico.

Esta serie de obras se nutre de un imaginario pop, compartido globalmente y, al mismo tiempo, revela la violencia intrínseca con la que se impone esta cultura pop. Así, Halloween se convierte, según la artista, en “una especie de esquizofrenia entre el miedo al fin del mundo y la creación de memes sobre el fin del mundo”.

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Para esta apresentação, Yamagata criou um novo grupo de obras que dá forma a um universo muito pessoal, incorporando a sua brilhante imagética visual. O big bang deste universo, pulsante com cores e formas que se espalham em pinturas, peças de parede e esculturas suaves envoltas em têxteis, é ativada pela imagética enfeitiçada trazida pelo Dia das Bruxas, ou “Halloween”, como na tradição norte-americana, referindo-se ao dia em que o submundo se concretiza, com a sua negra, macabra e assustadora sombra.

Toda a galeria parece ser transformada numa casa assombrada: como se estivessem sob um feitiço, os objetos ganham vida, animados pela tensão que o suporte se esforça por conter, e figuras dinâmicas e detalhes que excedem o espaço da representação e contrapõem as leis da física. Uma maçaroca de milho expira um sopro de fumo enquanto se embebe numa sopa de ossos, um gato preto sibilante arqueia as suas costas, um zombie perde as órbitas oculares, cobras encantadas encaracolam-se, uma mão de um monstro verde com garras acena. São fetiches, materializações de uma imagética supersticiosa e, ao mesmo tempo, do seu antídoto, graças ao seu estilo cartoon e cores fortes. O olhar salta em todos os cantos da galeria para seguir as ressonantes formas e figuras que tomam vida e mudam de posição a cada vez que os visitantes viram as costas.

O Dia das Bruxas é também o dia de aniversário da artista, uma coincidência que leva Yamagata a refletir e interpretar esta celebração como tem sido vivida por ela ao longo dos anos, crescentemente carregada de imagética gerada pelos Estados Unidos da América e espalhada pelo mundo inteiro através da internet, publicidade, B-movies e banda desenhada. Este horror partilhado e vocabulário disperso, temperado com elementos do léxico supersticioso, forma o conjunto de temas para estas obras que são traduzidas na linguagem peculiar de Yuli Yamagata que mistura elementos de fontes dispares, desde mangas japoneses a tecidos de Lycra técnicos e os seus padrões.

As formas simples que constituem o vocabulário plástico básico da artista – o cilindro, o círculo, o pingo – são formas flexíveis abertas a serem moldadas para dar forma a partes do corpo humano ou animal – pénis, perna, cauda, dedo, olho, unhas, sangue – de acordo com sugestões vindas do Instagram, filmes, ou simplesmente conversas. Neste caso, referem-se a diferentes nuances que compõem a versão carnavalesca e comercial de “All Hallows’ Eve” – violenta, brincalhona, sexual, desavergonhada, cómica, sombria, grotesca – bem como o seu lado consumista, evocado pela presença de comida e elementos que evocam o processo digestivo e escatológico.

Esta série de obras é alimentada por uma imagética pop, globalmente partilhada, e ao mesmo tempo revela a violência intrínseca com a qual esta cultura pop se auto impõe. Uma lente deformadora, o Dia das Bruxas torna-se num ponto de vista que revela “uma espécie de esquizofrenia entre o medo do fim do mundo e o fazer de memes acerca do fim do mundo” – explicou Yamagata – “quão esquizofrénica seria uma festa de Dia das Bruxas”.

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YULI YAMAGATA: BRUXA
Madragoa, Rua do Machadinho, 45, Lisboa, Portugal
info@galeriamadragoa.pt
Del 10 de septiembre al 31 de octubre de 2020